Publicado em Internacional, O que deu na Imprensa

“Lula não é um pirata”, diz Tariq Ali.

Gianni Carta (Londres)

Fonte: CartaCapital

No seu livro Piratas do Caribe: Eixo da Esperança, com lançamento previsto para fim de junho pela Editora Record, o anglo-paquistanês Tariq Ali, editor da New Left Review, teoriza que da América do Sul está emergindo ” uma alternativa social-democrata ao capitalismo neoliberal”. Os chamados piratas do continente, influenciados por Fidel Castro (e agora Raúl), são Hugo Chávez e Evo Morales, em Pirates of the Caribbean: Axis of Hope (Londres, Nova York: Verso, 2006). Na versão brasileira, Ali acrescenta o presidente do Equador, Rafael Correa, eleito em novembro de 2006.

Quem encara estes líderes sul-americanos como piratas é Tio Sam, porque “desafiam as certezas da nova ordem e desconsideram os sinais proibidos por Washington”, escreve na edição inglesa, na qual se baseia este texto, Tariq Ali, historiador e prolífico novelista educado em Oxford. Pior: os piratas propõem uma social-democracia “capaz de servir às necessidades dos pobres”, ou seja, da vasta maioria de suas populações.

Em conversa com CartaCapital, Ali, de 64 anos, sublinha não constarem do “Eixo do Bem” (para revidar o “Eixo do Mal” de Bush) outros líderes da América do Sul, a começar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Tariq Ali, Lula está longe de ser uma aresta para a chamada globalização. “Eu costumo chamar o Lula de Tony Blair tropical”, diz Ali, na sua casa ao norte de Londres. Vasta cabeleira branca, bigodões da mesma cor, olhos fixos no interlocutor, Ali espera uma reação – e a obtém: risos, aos quais presta contribuição fragorosa. E emenda: “O diário O Globo estampou numa manchete minha frase comparando Lula a Blair, e, ironicamente, alguns assessores do Lula se mostraram, acredite, muito felizes com a comparação”. Continuar lendo ““Lula não é um pirata”, diz Tariq Ali.”