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De que gasto público vivem falando?

No artigo abaixo, José Paulo Kupfer faz uma interessante observação: qualquer problema na economia só há um culpado, quem será? Quem mais poderia ser?! O gasto público, ora!

José Kupfer afirma que deveria haver uma abordagem honesta do problema dos gastos públicos, que, diga-se logo, não pode ser desprezado e deve ser atacado, deveria começar pela separação de alhos e bugalhos. O honesto seria detalhar o que é o que no conjunto dos gastos públicos. Mas quem, entre os economistas-financistas, se preocupa com isso?

*Por Katia Alves

Publicado originalmente no Blog do José Paulo Kupfer

Por José Paulo Kupfer

O gasto público – melhor dizendo, a “gastança” pública -, assim, tomado na sua expressão mais genérica, é o suspeito de sempre, na visão dos economistas-financistas. Qualquer problema e… pimba, fogo no gasto público. A economia vai mais ou menos? Iria melhor se o governo controlasse os gastos públicos. A economia vai bem? Já pensou que espetáculo, se não fossem os gastos públicos. A economia vai mal? Claro, o governo não controla os gastos públicos…

Agora mesmo, para um certo tipo de economistas de manual, com a escalada do déficit em contas-correntes, a questão não tem a ver com a valorização do real, mas com… o gasto público. Podem anotar: quanto mais o déficit externo abrir, mais a historieta dos déficits gêmeos – fiscal e externo – vai merecer “análises” eruditas e geniais. Com a ajuda conhecida nos chamados meios de divulgação, vão transformar uma mera identidade aritmética, verificável apenas “ex-post”, no supra-sumo da teoria econômica. Confiram.

São muitos os problemas dessa visão distorcida, mas dominante. Começa que é intelectualmente preguiçosa, para não dizer mal intencionada. De que gasto público estão falando? A gente imagina que estão falando dos gastos com os marajás do serviço público ou dos apadrinhados dos poderosos do turno. Mas, como isso não é nunca bem detalhado, vai tudo no balaio de gatos.

Programas sociais, transferências de renda, Previdência, são gastos públicos. Mas quando enfiados, sem mais nem menos, no mesmo saco do custeio da máquina pública, dá para desconfiar. Sem falar que, no saco genérico, também vão embrulhados os desvios de recursos – que existem e com os quais não podemos nos conformar. Só não entram na conta da “gastança” as despesas com juros da dívida pública – de longe o item individual mais pesado dos gastos públicos – e os custos fiscais com a acumulação de reservas cambiais. Por que será? Continuar lendo “De que gasto público vivem falando?”

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Municípios aumentam gastos em ano eleitoral e afetam superávit

Em ano eleitoral é comum os governantes fazerem uma política mais expansionista e isso parece que estar se confirmando, porque os Estados e municípios fizeram um superávit R$ 2,5 bilhões, enquanto o governo central fez R$ 16,9 bilhões. A meta do superávit para 2008 é de 3,8%. O resultado vem sendo garantido, principalmente, pelo aumento da arrecadação de impostos. No entanto, é preciso destacar que essa meta é um obstáculo para aumentar o crescimento do nosso país e uns dos fatores que torna a política fiscal passiva.

*Por Katia Alves

Eduardo Cucolo

Publicado originalmente na Folha on line  

Os municípios aumentaram seus gastos neste ano e reduziram sua contribuição para o superávit primário do setor público (economia para pagar juros e reduzir a dívida). O aumento de gastos das empresas estatais, em especial das federais, também afetou o resultado do superávit primário em abril.

Em abril, o setor público fez uma economia para pagar juros de R$ 18,7 bilhões, abaixo do resultado de R$ 23,46 bilhões no mesmo mês do ano passado. O governo central (Tesouro, Previdência e BC) fez um superávit de R$ 16,9 bilhões, e Estados e municípios, de R$ 2,5 bilhões.

Já as estatais apresentaram déficit de R$ 608 milhões, o pior resultado para meses de abril desde 2003. As federais foram as únicas deficitárias. Em 12 meses, as empresas federais fizeram um superávit de R$ 9,5 bilhões, o pior resultado desde dezembro de 2004. Continuar lendo “Municípios aumentam gastos em ano eleitoral e afetam superávit”

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Jovens à disposição

Jorge Abrahão de Castro, diretor de estudos do Ipea e um dos organizadores da pesquisa “Juventude e Políticas sociais no Brasil em entrevista à Carta Capital declara que a taxa de desemprego é mais alta nos jovens (faixa etária de 15 a 24 anos) pois a rotatividade é maior e o custos relativos a sua dispensa, que são menores em relação ao custo de uma pessoa mais experiente.

No Brasil o número de desempregados jovens é maior do que no resto do mundo e isso só tende a tornar mais precário a situação dos jovens no mercado de trabalho, pois ficam em empregos de pior qualidade, pior remuneração, trabalhos mais pesados e migram para emprego informal, afirma Jorge Abrahão de Castro.

Mas declara também que o emprego está aumentando no Brasil. Os últimos dados estão mostrando uma aceleração do emprego, principalmente do emprego formal. E é fundamental manter o nível do crescimento para que seja um elemento de inclusão dos jovens. Mas ele ressalta que isso não é suficiente, pois tem que haver também políticas públicas.

*Por Katia Alves

Por Manuela Azenha

Publicado originalmente na Carta Capital

No dia 20 de maio foi divulgada uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 2006 que trata da situação dos jovens na sociedade. O trabalho Juventude e Políticas sociais no Brasil, organizado por José Abrahão e Luseni Aquino, constata que no Brasil, de cada dois desempregados, um deles está na faixa dos 15 a 24 anos. 

O relatório Tendências Mundiais do Emprego Juvenil da OIT (Organização Internacional do Trabalho) indica que o desemprego mundial em 2006 atingiu o recorde de 200 milhões de pessoas, e que entre elas, quase a metade são jovens. 

Segundo os técnicos do Instituto, o desemprego entre os jovens é maior devido à pouca experiência e ao baixo custo de demissão para as empresas. Esse número é 3,5 vezes maior que entre os adultos e vem crescendo desde 1990. 

Dos dez países pesquisados pelo Ipea (México, Argentina, Reino Unido, Suécia. Estados Unidos, Itália, Espanha, França e Alemanha), a proporção de jovens entre os desempregados no Brasil é a mais alta: 44,6%. A mais baixa, de 16,3%, é na Alemanha.  Continuar lendo “Jovens à disposição”

Publicado em O que deu na Imprensa

Base governista propõe criação da CSS para substituir CPMF no financiamento da saúde

Argumentando que o País não tem recurso para financiar a área de saúde depois que extinguiu a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) o governo coloca em pauta a votação da CSS (Contribuição Social da Saúde).

A arrecadação da nova contribuição será de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões por ano, afirmou Henrique Fontana (PT-RS), os trabalhadores que recebem até três salários mínimos estão isentos de contribuir e se for aprovada a CSS entrará em vigor 120 dias após a aprovação.

Portanto, a oposição alega que essa proposta fere a Constituição Federal ao ser criada via projeto de lei complementar –que regulamenta a emenda 29.

*Por Katia Alves

Publicado originalmente na Folha on line

Por Gabriela Guerreiro

A base aliada do governo fechou acordo para colocar em votação uma proposta de criação de uma nova contribuição para financiar a saúde. É a CSS (Contribuição Social da Saúde), que funcionaria nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

O plano dos governistas é incluir a proposta de criação da nova contribuição no texto da emenda 29 –que amplia os recursos para a saúde–, que deve ser votada amanhã.

O governo vai pegar carona na votação da emenda 29 para recriar a contribuição porque argumenta que não tem recursos para financiar o setor após a extinção da CPMF. A CSS terá uma alíquota de 0,1%, menor que os 0,38% cobrados na antiga CPMF.

“Neste ano, o Ministério da Saúde precisa R$ 6 bilhões para manter a sua estrutura, sem expandi-la. Não queremos uma solução irresponsável, mas sim uma que seja estrutural para que o presidente Lula possa sancioná-la”, afirmou o ministro José Gomes Temporão (Saúde). Continuar lendo “Base governista propõe criação da CSS para substituir CPMF no financiamento da saúde”

Publicado em RESUMOS DO DIA

RESUMO DO DIA – 28/05/2008

MANCHETES dos principais veículos de notícias do Brasil e do mundo

*Por Elizabeth Cardoso, Kátia Alves e Luciana Sergeiro

Política

Os ministros petistas, Marta Suplicy (do Turismo) e Luiz Marinho (da Previdência Social) anunciarão daqui a uma semana seus afastamentos dos respectivos Ministérios para assumir as campanhas eleitorais aos municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo, respectivamente. Marta ainda não tem formada nenhuma coalizão partidária para a sua campanha. Luiz Marinho, ao contrário, já conta com o apoio de onze partidos e tem alguns possíveis nomes para assumir o posto de vice. O presidente Lula ainda não cogitou nomes para substituir os dois ministros petistas, por isso, os Ministérios devem ser interinamente assumidos por seus respectivos secretários-executivos, Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, para a Pasta do Turismo, e Carlos Eduardo Gabas, para a Previdência…

O Estadão: Marta e Marinho deixam cargos dia 4

Economia

Contrariando as expectativas de algumas projeções do mercado em relação às variações nos preços, o custo com os alimentos apresentou uma ligeira queda este mês, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), mensurado pelo IBGE. Além disso, as taxas de serviços de energia elétrica também apresentaram queda, contribuindo para a desaceleração observada no índice este mês relativamente ao mês de abril…

Reuters Brasil: IPCA-15 surpreende para baixo em maio, alimentos interrompem alta

Conforme pedido de Lula, Mantega vai expor hoje ao Conselho Político do governo o projeto sobre o Fundo Soberano. O presidente teve que adiar o envio da proposta ao Congresso na semana passada, pois há preocupação de como vão funcionar esses fundos de investimentos, declarou o vice-presidente José Alencar…

Último Segundo: Lula quer estudar ‘direitinho’ o Fundo Soberano

Internacional

Secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan, em entrevista sobre o Relatório Anual divulgado pela ONG, critica o comportamento negligente, e muitas vezes violador, de alguns países diante dos Direitos Humanos. Khan declarou que os governos precisam tomar uma posição de defesa desses direitos para alterar o atual quadro de opressão e violência no mundo. Segundo Khan, existem graves pontos de volatilidade no planeta e por isso os países precisam agir em favor dessas regiões para impedir conflitos de maior vulto. A secretária criticou a China, apontando a necessidade de que o país respeite e faça valer os Direitos Humanos em seu território. Também os Estados Unidos e alguns países europeus foram condenados por Khan, assim como no Relatório Anual da Anistia, por tolerarem a prática desumana da tortura em interrogatórios e conflitos bélicos…

Reuters Brasil: ENTREVISTA-60 anos depois, Anistia ainda vê abusos a direitos

Diferenças entre os candidatos democrata, Barack Obama, e republicano, John McCain, extravasam a filiação partidária. Obama e McCain possuem não apenas histórias de vida bastante díspares como também posicionamentos ideológicos distintos, o que afeta diretamente suas propostas e pretensões para o mandato à frente da Casa Branca. Suas opiniões divergem frontalmente em duas questões consideradas como as mais importantes para o eleitorado estadunidense, a Guerra no Iraque e a crise econômica. Se confirmado como candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Obama terá a oportunidade de travar um forte debate com o candidato republicano. Intensas campanhas podem ser aguardadas…

JB Online: Programas de Obama e McCain divergem em quase tudo

Desenvolvimento

Em palestra no 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no Rio, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, falou sobre a questão das reservas de petróleo nas áreas de pré-sal. Segundo Dilma, é preciso que seja criada uma legislação específica que defina as condições de acesso a essas reservas. A ministra frisou também a necessidade de que o país pense o processo de transição pelo qual está passando, de país importador para país exportador de petróleo. Dilma acredita que é preciso ponderar as conseqüências dessa transição, uma vez que o ponto precípuo hoje quanto à disponibilidade desses recursos já não é mais o de manutenção da auto-suficiência. A situação do Brasil no que tange ao seu pioneirismo na produção de biocombustíveis produzidos a partir da celulose (a segunda geração) também foi citada pela ministra como uma importante questão, devendo o país buscar meios de garantir sua liderança mundial, a exemplo do álcool da cana…

O Estadão: Dilma: definir acesso a reservas do pré-sal é desafio

Guido Mantega, ministro da Fazenda, informou que o governo vai renegociar as dívidas agrícolas e que os produtores rurais terão um ganho de R$ 9 bilhões. A renegociação tem um potencial de atingir 2,8 milhões de contratos e também almeja diminuir os encargos de inadimplência e a taxa de juros. O governo também enviará o projeto de Lei Complementar que cria o Fundo de Catástrofe do Seguro Rural…

O Estadão: Renegociação vai destinar R$ 9 bi a produtores rurais

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A Amazônia é dos brasileiros

Está sendo investigado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a compra de nada menos que 160 mil hectares de terra localizada na região amazônica, por um empresário sueco Johan Eliasch.

Lula declarou que o mundo deve entender que a Amazônia pertence ao povo brasileiro.

Mas é necessário não perder tempo com discussão entre “ambientalistas” versus “desenvolvimentistas” e sim, que “devemos mesmo é desenvolver a região amazônica de forma sustentável, preservando seu ecossistema e respeitando os direitos dos que lá vivem e trabalham”.   

*Por Katia Alves

Por Renato Rabelo

Publicado originalmente no Vermelho

A divulgação pela imprensa, no último final de semana, de que um informe reservado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revela que está sendo investigada a atuação do empresário sueco Johan Eliasch – consultor do primeiro ministro britânico Gordon Brown – interessado em comprar uma área de 160 mil hectares de terra no Estado de Mato Grosso, na região amazônica. Este empresário teria promovido uma série de reuniões com investidores ingleses, entre 2006 e 2007, com o objetivo de comprar grandes extensões de terra na Amazônia e chegou mesmo a levantar, em tese, o preço pelo qual toda a região poderia ser comprada: 50 bilhões de dólares!

Trata-se de uma grande provocação e um verdadeiro atentado à soberania de nossa Pátria. O governo brasileiro reagiu prontamente, numa declaração contundente do próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no auditório do BNDES, no Rio de Janeiro: “O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono, e que o dono da Amazônia é o povo brasileiro. São os índios, são os seringueiros, são os pescadores e também nós, que somos brasileiros e temos consciência de que precisamos desenvolver a Amazônia”. Continuar lendo “A Amazônia é dos brasileiros”

Publicado em Artigos Teóricos, Desenvolvimento, Energia, Haverá outro APAGÃO?

Rumos da Crise Energética Brasileira: saída emergencial e encaminhamento de longo prazo

Estudo elucidativo sobre as alternativas e possibilidades de atuação das políticas de reforma do setor energético no Brasil. A autora apresenta ao longo do texto os caminhos para enfrentar a crise energética e o problema de subinvestimento do setor.

Segundo a autora, a atual crise de abastecimento energético no Brasil exige uma resposta em duas frentes, uma emergencial e outra de longo prazo. Isso porque, argumenta a autora, a demanda por energia no Brasil tem crescido mais aceleradamente que o produto, comportamento esse que deve se manter no futuro previsível.

A crise de abastecimento do setor energético detém vínculos com a própria crise de desenvolvimento do país, pois ambas têm suas origens e trajetórias enlaçadas, como afirma a autora. Por isso, os caminhos que apontam a saída da crise energética também se vinculam à saída do problema nacional de desenvolvimento…

* Por Elizabeth Cardoso

Rumos da Crise Energética Brasileira: saída emergencial e encaminhamento de longo prazo

(Seminário de Pesquisa do IE/UFRJ – 20/09/2001)

Por Carmen Alveal (IE/UFRJ)

1. Introdução

A crise atual de suprimento elétrico tem suas raízes no subinvestimento que se arrasta desde o final dos anos 80, momento que findou uma década de dificuldades para o Brasil definir um rumo sustentado de desenvolvimento e de reinserção na economia mundial. Simplificadamente, o cerne de ambas as questões reside na existência de um problema comum: escassez e racionamento de recursos de financiamento para sustentar o investimento na expansão elétrica e na expansão do país.

Foi ao longo dos anos 90, no marco das “reformas estruturais do Estado”, que foi concebida e implementada uma saída estrutural para ambos os problemas. Assim, a reforma do setor elétrico brasileiro foi concebida e implementada por uma orientação de política estreitamente vinculada ao encaminhamento das reformas maiores. Nesse sentido, tornou-se dependente e, ao mesmo tempo, realimentadora das incertezas internas e externas, que contextualizaram as decisões de política macroeconômica do conjunto das reformas.

Para situar, numa perspectiva adequada, a definição de saídas do impasse energético atual, o argumento central que sustento é que a crise de suprimento energético e a crise de rumo de desenvolvimento do Brasil apresentam laços de origem e de trajetória. Portanto, as alternativas de saída da crise energética estão prospectivamente vinculadas à saída para a questão de sustentar o crescimento do Brasil numa taxa não só desejável, mas razoável, isto é, mais próxima do seu potencial, que foi uma realidade ao longo de 8 décadas do século XX.[1]

Nesse intuito, enfatizo que a crise de suprimento energético presente demanda conjuntamente uma resposta de caráter emergencial e uma resposta de política de longo prazo. Argumento que a importância desta vinculação precisa partir do reconhecimento de que a demanda de energia no Brasil cresce num nível superior ao do crescimento do produto e esta tendência permanecerá no futuro previsível, principalmente no caso da eletricidade: para um crescimento projetado do PIB de 4,3 % a.a., nos próximos 4 anos, o aumento estimado da demanda elétrica é de 4,7 % a.a. (Eletrobrás, 2000).[2] Em conseqüência, para ser sustentável, qualquer encaminhamento dado ao impasse atual da reforma precisa estar focado no aumento do investimento na expansão da capacidade geradora de energia e, é claro, no aumento da eficiência (dinâmica) dessa expansão.

A apresentação do argumento é realizada nas seções seguintes. De início, na seção 2, são expostos os fatos sinalizadores do fracasso da reforma setorial, que de maneira nua e crua, explicitaram o longo período de subinvestimento em geração de eletricidade. Em seguida, na seção 3 são consideradas as dimensões ignoradas pela reforma fracassada e, na seção 4, argüida a importância de seu re-exame e debate, enfatizando as barreiras que entravam as decisões do investimento privado. Numa perspectiva de longo prazo, a retomada da coordenação do processo de reforma é destacada na seção 5, como questão central para dar curso a iniciativas sustentáveis de superação da crise energética. As iniciativas e ações de encaminhamento são objeto da seção 6. Finalmente, a seção 7 encerra a exposição, considerando as implicações maiores das ações propostas para superar a crise energética e a crise de desenvolvimento do país.

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Publicado em Desenvolvimento, José Augusto Valente, Logística e Transporte

Prorrogação do Reporto pode ser votada ainda hoje no Senado

Publicado originalmente no Blog Logística e Transporte

Por José Augusto Valente*

Embora tenha muito conteúdo, penso ser necessária a publicação, na íntegra, da Redação Final da Medida Provisória que prorroga o Reporto até 2011. Aí vai.

Ao ser aprovada na Câmara dos Deputados, a MP 412/2007 foi encaminhada ao Senado onde ganha nova denominação. Agora é o Projeto de Lei de Conversão nº 10/2008.

É esse projeto de lei que poderá ser votado e aprovado ainda hoje e, com isso, irá à sanção presidencial, garantindo o benefício que foi estendido dos operadores portuários para outros agentes.

Esperamos que nenhum senador ou senadora tente atrapalhar essa votação, com emendas vencidas na tramitação na Câmara dos Deputados. Isso porque se houver alguma alteração no Senado, o projeto terá que voltar à Câmara. Com um pequeno problema de que não haverá mais prazo para a tramitação já que o prazo vence em 4/6/2008.

Se alguém tentar fazer isso é porque é contra a iniciativa privada operando nos portos, contra a modernização dos portos, contra os interesses do país.

Medida provisória nº 412-A, de 2007

PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO nº 10 de 2008

Dispõe sobre a prorrogação do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária – REPORTO, instituído pela Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, e altera as Leis nºs 11.033, de 21 de dezembro de 2004, e 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º O caput do art. 14 e o art. 16 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 14. As vendas de máquinas, equipamentos, peças de reposição e outros bens, no mercado interno ou a sua importação, quando adquiridos ou importados diretamente pelos beneficiários do Reporto e destinados ao seu ativo imobilizado para utilização exclusiva em portos na execução de serviços de carga, descarga e movimentação de mercadorias, na execução dos serviços de dragagem, e nos Centros de Treinamento Profissional, na execução do treinamento e formação de trabalhadores, serão efetuadas com suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS e, quando for o caso, do Imposto de Importação.

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Publicado em Assuntos, O que deu na Imprensa, Política Econômica

“Petrobras financeira”

Publicado originalmente na Folha

Por Toni Sciarreta

Defensores da presença do Estado no setor financeiro falam em competição e política pública, mas analista questiona eficácia

Para carlos lessa, ex-presidente do bndes, o estado não pode abrir mão de pensar a estratégia de longo prazo no crédito

Visto pelos bancos privados como uma tentativa do governo federal de criar uma “Petrobras do sistema financeiro”, na definição de um diretor de um grande privado brasileiro, o avanço do Banco do Brasil com a compra da Nossa Caixa reabre a discussão sobre a necessidade de um banco público forte para competir no mercado de crédito brasileiro.

No caso, a comparação com a Petrobras se deve pela exclusividade dos bancos estatais de explorarem os depósitos judiciais -um dinheiro de custo baixo- e o avanço nas contas dos servidores públicos. A Petrobras teve monopólio no setor até 1997 e, segundo os críticos, continuaria até hoje sozinha ou em parceria com empresas privadas na exploração de petróleo. Entre os argumentos para o Estado manter um banco forte no país, estão desde a necessidade de levar agências às localidades mais distantes e economicamente inviáveis -o que não interessaria aos bancos privados- até a crença de que banco do governo não quebra, como disse em 1861 o então imperador, dom Pedro 2º, ao fundar a Caixa Econômica Federal. Continuar lendo ““Petrobras financeira””

Publicado em Oportunidades de Emprego

Oportunidades e ofertas de emprego, estágios e concursos públicos – 28 de maio

Semanalmente estaremos divulgando uma lista com oportunidades de emprego, estágios e concursos públicos aqui no blog do Desemprego Zero. Confira a lista abaixo com oportunidades para o estado do Rio de Janeiro.

EMPREGOS

Assistente de departamento pessoal

Salário: R$ 800,00 + Benefícios

Ensino Médio Completo;

Desejável experiência com Sistema RM Dos/ Labore e toda rotina de DP;

Domínio de informática (Word, Windons, Excel e Internet);

Morar próximo de Irajá ou local de fácil acesso;

Desejável perfil feminino;

Desejável idade de 25 anos até 40 anos;

Enviar o curriculo somente para o e-mail: grrh@oi.com.br

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Publicado em Conjuntura, Desenvolvimento, Desenvolvimento Regional, Destaques da Semana, Internacional, Leonardo Nunes, Política Econômica, Rive Gauche

LIÇÕES DAS DUAS DÉCADAS DE UNIÃO EUROPÉIA

RIVE GAUCHE

 

Léo Nunes – Paris – Martin Wolf publica hoje artigo no jornal Valor Econômico (clique aqui só para assinantes) em que exalta as conquistas da União Européia, especialmente a adoção do euro. O texto ressalta três conquistas do euro: (i) a diminuição do déficit fiscal em relação ao PIB, (ii) a diminuição das taxas de juros reais e (iii) o aumento de sua importância como reserva de valor.

 

Entretanto, o próprio autor reconhece o pífio crescimento econômico da zona do euro, menor do que em outros tempos e menor do que a dos congêneres europeus que não aderiram à moeda única, e a dificuldade em superar as assimetrias entre os diferentes países.

 

Como é sabido, a adoção de uma moeda única retira dos países a autonomia no que concerne à política monetária. Num ambiente de liberalização das finanças e supremacia do ideário liberal, pouco espaço resta para utilização da política fiscal, o que obstaculiza ainda mais as ações de política econômica.

 

Além disso, diferentes custos unitários relativos de mão-de-obra, diferentes níveis de produtividade e de fontes de dinamismo criam sérios empecilhos para o bom funcionamento do euro.

 

Portanto, o sucesso da moeda européia é relativo. Sua estabilidade e valorização foram benéficas principalmente aos mercados financeiros na medida em que estabilizaram e valorizaram os preços dos ativos. Resta saber quando virão os benefícios em termos de crescimento econômico e geração de emprego.

 

 

Leonardo Nunes: Mestre em Economia pela Unicamp e doutorando em Economia pela Universidade Paris-1 Pantheon-Sorbonne. Correspondente do Dezemprego Zero na capital francesa. Meus Artigos

 

Clique aqui para ler nosso manifesto.

Publicado em Desenvolvimento Regional, Política Social

A América Latina: males de origem

Rodrigo de Almeida

Livro: Livraria Cultura

O inevitável: sempre que o nome deste historiador é sublinhado por algo ou alguém, recorre-se à pergunta – por que não se fala neste Manoel Bonfim? Por que poucos sabem dele? Por que não exerceu influência no pensamento brasileiro? Por que, como questionou Darcy Ribeiro, sua obra extraordinária não serviu de cimento na construção de nossas consciências nacionais? Sobre tais questões debruçaram-se todos os seus intérpretes. De Dante Moreira Leite a Ronaldo Conde Aguiar. De Nelson Werneck Sodré a Aluízio Alves Filho. De Antonio Candido a Maria Thétis Nunes. De Vamireh Chacon a Roberto Ventura e Flora Süssekind. A certeza: tão brilhante quanto valente, tão visionário quanto pouquíssimo lido, é fato que, embora espaçadamente, o nome de Bonfim e sua obra têm recebido homenagens com evidente musculatura acadêmica, literária e jornalística. De alguns anos para cá, coube à editora Topbooks oferecer a mais importante contribuição para o reconhecimento deste historiador, com a reedição de alguns dos seus principais livros e a acolhida da preciosa biografia escrita por Ronaldo Conde Aguiar, O rebelde esquecido, originalmente uma premiada tese de doutorado.

A novidade: a Topbooks reedita agora, com capa e diagramação novas, o livro A América Latina: males de origem, doze anos depois de oferecê-la ao leitor. Justificável. A obra chega ao centenário neste 2005. E, acima, de tudo, reafirma, como quase sempre ocorre com este sergipano tinhoso, a atualíssima identificação dos vícios repetidos e dos males perpetuados que se tornaram algumas das melancólicas sinas do Brasil.

Como afirmou Elio Gaspari certa vez, poucos estudiosos do país defenderam seu povo com tanta valentia. América Latina é uma das provas mais evidentes. Escrito em 1904, em Paris, ainda sob os eflúvios da Proclamação da República, nele Bonfim investiga a “causa efetiva” dos males que atingem as antigas colônias ibéricas da América Latina, atribuindo-os ao “peso” do “parasitismo das metrópoles” – ou seja, à dominação colonial, para ele um passado funesto. O historiador enuncia como fundamentos de sua análise “o desejo vivo de conhecer os motivos dos males de que nos queixamos todos” e “o desejo de ver esta pátria feliz, próspera, adiantada e livre”.

E quem não quis, cara pálida? A diferença, em Bonfim, é sua originalidade – que acaba se transformando no seu próprio pecadilho. Afinal, critica as sociologias biologísticas, em moda na época, mas adere ao biologismo para explicar o chamado “parasitismo social”: abaixo do Equador, diz, a luta não é de classes, mas entre parasita e parasitado. Utilizando-se de referências na botânica, na biologia e na zoologia para estabelecer metáforas sobre a formação social brasileira, em particular, e latino-americana, em geral, Bonfim afirma que o parasitismo é a “causa das causas” que resume “a história de todas as decadências que vão desaparecendo as civilizações”. Continuar lendo “A América Latina: males de origem”