Publicado em Conjuntura

Previdência (5): ‘Como mentir usando estatísticas’

CORREIO DA CIDADANIA

Escrito por Henrique Júdice Magalhães

Set-2007

Se o jornalista norte-americano Darrel Huff (1913-2001) estivesse vivo, é possível que se interessasse pelos estudos que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do Ministério do Planejamento, vem apresentando sobre a vinculação do piso previdenciário. Eles constituiriam um bom material para uma nova edição de seu livro How to lie with statistics.

A proposta de desatrelamento entre o valor mínimo dos proventos da Seguridade Social (1) e o salário mínimo, apresentada primeiro no seminário de 2003 no Ibmec, foi introduzida no debate acadêmico e oficial pelo estudo “Diagnóstico da Previdência Social no Brasil: o que foi feito e o que falta reformar?”, publicado pelo IPEA em outubro de 2004. Seus autores – Fabio Giambiagi, João Luiz Mendonça, Kaizô Beltrão e Wagner Ardeo – culpam a vinculação pelo déficit previdenciário.

Eles expõem o problema ao avesso. De fato, 67,3% dos benefícios previdenciários são de um salário mínimo (2). O que isto revela, porém, não é que eles sejam inflados pelos reajustes deste, mas a brutal corrosão de seu valor. Como os reajustes das aposentadorias e pensões são ínfimos, elas acabam reduzidas ao piso dentro de poucos anos. Continuar lendo “Previdência (5): ‘Como mentir usando estatísticas’”

Publicado em Conjuntura

Muita cautela na hora das previsões

10/09/07 – 00:00 > OPINIÃO

Delfim Netto

Quem disser que conhece a extensão ou sabe como vai terminar essa crise dos subprimes do mercado imobiliário americano está arriscando um chute, ou simplesmente mentindo. É curioso que não há muita novidade quanto às origens e ao próprio formato dessa crise, pois além de fartamente anunciada, ela é a repetição de outras “bolhas” que sabemos que existiram desde o século 17! A primeira de que se tem registro é a famosa febre das tulipas holandesas que se espalhou por várias regiões européias e a penúltima a do Fundo comandado pelos dois prêmios Nobel americanos, cuja quebra “alavancou” a crise do mercado financeiro em 1998.

A crise atual do mercado de hipotecas americano é mais uma vez fruto da falta de transparência e da própria irracionalidade imanente aos mercados. Acredito que o seu desenrolar ainda vai revelar coisas insuspeitadas em relação à atuação dos bancos que financiaram os mecanismos de colocação dos subprimes pelos fundos que agem sem nenhum controle. Da mesma forma que aquelas empresas americanas, Enron e outras que se valeram de fantasias contábeis, está se revelando que vários bancos utilizaram intermediários financeiros em operações que não estão em seus balanços e que agora vão ter de trazer para dentro. Suspeito que o desvendamento dessas patifarias está prestes a acontecer no sistema financeiro internacional. Continuar lendo “Muita cautela na hora das previsões”