A meta do governo, com a participação do Ministério da Ciência e Tecnologia, é aumentar os gastos em pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor privado para 0,65% até 2010, com financiamento, incentivos e recursos para capital de risco.
Segundo o presidente da Finep, Luis Manuel Rebelo Fernandes, só recentemente o País recuperou a capacidade de investimento em C&T que dispunha nos anos 1970. Marcio Pochmann, do Ipea, afirmou que o subdesenvolvimento brasileiro não é uma etapa facilmente superada. “O tema da inovação nesse contexto é fundamental, mas não se isola de outras questões”.
*Por Katia Alves, editora
Publicado originalmente na Gazeta Mercantil
Por Ana Cecilia Americano
O Brasil nunca esteve tão bem aparelhado para inovar. Há recursos disponíveis – só o Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia (FNDCT) dispõe de R$ 2 bilhões este ano e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) de outros R$ 2,5 bilhões, para citar dois exemplos. Dispõe de 80 mil pesquisadores em todo o País. Tem assinado 1,9% dos artigos científicos publicados internacionalmente, um índice que corresponde à participação do PIB brasileiro no total do PIB mundial, o que significa que o País tem produção científica compatível ao tamanho de sua economia no mundo. Mas, por outro lado, apenas 0,51% dos investimentos do setor privado são destinados ao esforço de introduzir novas tecnologias, produtos, metodologias e arranjos logísticos na cadeia produtiva. E, para piorar, a produção de patentes brasileira é marginal: meros 0,2% do total mundial.
Com esse quadro como pano de fundo apresentado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, o XX Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE), iniciou o seu 5º painel. Entre os convidados estavam, ainda, o presidente da Finep, Luis Manuel Rebelo Fernandes; o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann; o diretor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Carlos Alberto dos Santos, além de outros palestrantes de entidades empresariais. “Segundo dados do Ipea, as 1,7% das empresas que realmente inovam nesse País detêm 26% do faturamento total”, disse o ministro Sergio Rezende à abertura do evento. A meta do governo, com a participação do Ministério da Ciência e Tecnologia, é aumentar os gastos em pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor privado para 0,65% até 2010, com financiamento, incentivos e recursos para capital de risco. “Queremos tornar as empresas brasileiras competitivas”, comprometeu-se Rezende. O caminho, apontou ele, passa por apoiar a pesquisa e desenvolvimento entre as médias e grandes empresas, aumentar o acesso ao crédito para a inovação entre as micro e pequenas e apoiar as empresas inovadoras em tecnologia de forma a que sobrevivam, ganhem mercado e escala.
“Vamos usar o poder de compra do estado para apoiar empresas intensivas em tecnologia com encomendas”, prometeu o ministro, que também informou estar estruturando o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec) no intuito de formar uma rede com institutos de pesquisa federais, estaduais e privados focada no apoio ao desenvolvimento das empresas. Rezende tem como meta que o investimento em ciência, tecnologia e inovação atinja 5% do PIB brasileiro já em 2010. Continuar lendo “Brasil avança na capacidade de inovar” →